segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Se Jesus É Deus, Por Que Ele Não Sabia o Momento da Sua Segunda Vinda?

Jack Cottrell
PERGUNTA: Se Jesus é parte da Divindade, ou seja, se ele é a encarnação da segunda pessoa da Trindade, por que ele não sabia as datas e horas sugeridas em Mt 24.36 e Mc 13.32?

RESPOSTA: Mt 24.36 fala sobre o dia da segunda vinda: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.” Mc 13.32 é a passagem paralela afirmando a mesma coisa. Aqui é dito especificamente que Deus Filho, em seu estado encarnado, não sabia o tempo deste evento histórico futuro específico. O fato de que Deus é onisciente, entretanto, significa que seu conhecimento é infinito ou ilimitado. Ele sabe tudo, incluindo todos os detalhes do futuro de sua criação. Este último é chamado de seu pré-conhecimento. Deus é onisciente por natureza, ele não pode NÃO saber tudo, incluindo o futuro. Será que isso significa, então, que Jesus não é divino?

Aqui é importante distinguir entre o conteúdo do conhecimento como tal e a própria consciência das coisas que ele conhece. Deus não apenas sabe tudo; ele está sempre consciente de tudo o que ele sabe. Não somente o conteúdo de seu conhecimento é todo-inclusivo, mas também todos esses dados estão constantemente em primeiro plano em sua consciência. Deus não tem “subconsciência,” por assim dizer. Aqui está uma grande diferença entre Deus e todas as pessoas criadas, incluindo os anjos e os seres humanos. Nós, como criaturas, somos por natureza finitos ou limitados; isto se aplica ao nosso conhecimento. Nenhum ser humano é onisciente ou sabe tudo. Até mesmo os seres humanos mais brilhantes e instruídos conhecem uma quantidade limitada ou finita de fatos. Mas há outra maneira na qual o nosso conhecimento é finito, a saber, somos na verdade plenamente conscientes de apenas uma coisa de cada vez (ou talvez duas). Tudo o que sabemos é guardado em nossos “bancos de memória;” o que estamos na verdade pensando em um determinado momento é dependente de nossas circunstâncias. O que isso significa?

Em primeiro lugar, o conteúdo de nossa consciência é por vezes determinado pelos dados sendo alimentados em nosso cérebro através de nossos sentidos físicos. Isto é, estamos pensando em uma determinada canção porque é o que está no rádio ou tocando em nosso iPod no momento. Na maioria das vezes, no entanto, estamos pensando em uma coisa em particular porque queremos fazer assim. Isso é parte do que queremos dizer com memória. Quando “lembramos” alguma coisa, estamos desejando que ela se eleva de nosso depósito de dados subconsciente para a nossa consciência. A maioria das coisas que “sabemos” está na verdade guardada dessa forma, à espera de algum tipo de estímulo – tal como um ato da vontade – para trazê-las ao nível do pensamento consciente. Por exemplo, eu posso lhe fazer uma pergunta agora mesmo para a qual a resposta é algo que você sem dúvida sabe no nível subconsciente, mas que você pode na verdade não ter pensado a respeito por meses ou anos. Aí vai ela: Qual é o nome de solteira de sua mãe? Ou, qual é o nome de solteira de sua sogra? Este é o tipo de dado que podemos geralmente apenas desejá-lo em nossa consciência. Tal ato da vontade é o que usamos quando estamos fazendo um exame final – embora isso nem sempre funciona! Esse é outro exemplo da finitude do nosso conhecimento, é claro.

Esta distinção entre a consciência constante e completa de Deus de todas as coisas, e a limitação humana de ser consciente de apenas uma coisa de cada vez, ajuda a explicar o que Jesus disse sobre sua falta de conhecimento do tempo da segunda vinda. Nós nunca vamos entender completamente tudo o que esteve envolvido na encarnação de Deus Filho como o Deus-homem, Jesus de Nazaré, mas sabemos que o exercício de alguns de seus atributos divinos se tornou limitado por esse evento (Fl 2.6-7). Ele não foi na verdade despojado de quaisquer desses atributos, mas voluntariamente renunciou ao uso pleno deles neste estado encarnado. Isto obviamente incluía a sua onisciência.

Mas como Jesus poderia, se ele era verdadeiramente Deus, NÃO ser onisciente? A resposta possivelmente está na distinção entre a consciência divina e a consciência humana, como explicado acima. Minha especulação é que um dos resultados da encarnação foi que a consciência de Jesus estava limitada como a de qualquer ser humano, visto que ele só pensava em uma coisa de cada vez, com a opção de alterar o conteúdo de sua consciência conforme ele assim o desejasse. É claro que, sendo Deus e portanto onisciente, seu conhecimento ainda era infinito, no sentido de que ele tinha dados infinitos armazenados em seus “bancos de memória,” por assim dizer. Assim ele tinha todo o conhecimento ao seu comando e podia desejá-lo em sua consciência sempre que assim o quisesse. Por exemplo, ele poderia conhecer o conteúdo do coração de qualquer um (Mc 2.8) e poderia saber o futuro quando escolhesse assim fazê-lo (Jo 13.21, 38).

Mas havia pelo menos uma coisa que Jesus escolheu NÃO desejá-lo em sua consciência, a saber, o tempo de sua segunda vinda. Isso aconteceu, sem dúvida alguma, intencionalmente e é importante que fôssemos informados desta limitação. Quando Jesus disse que não sabia o tempo do fim, e que ninguém senão o Pai sabia, isso significa que é inútil buscar nos Evangelhos mensagens ocultas sobre quando esse fim virá. Deus não quer que saibamos desse detalhe, porque ele quer que estejamos a cada momento preparados para ele.

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