Desmistificando Mitos Pentecostais
Na época que estava me graduando em teologia, um professor meu (Alex
Belmont) a quem tenho muita estima, falou na sala mais ou menos isso: “Acredito
em teólogos pregadores, mas não em pregadores não teólogos”.
Aquilo me chocou, trazendo um certa confrontação, pois como pentecostal,
devo o crescimento da minha igreja a muitos pregadores leigos, embora fossem
leigos, eram ávidos leitores da Bíblia. Entretanto, quando as igrejas
pentecostais cresceram (principalmente as Assembleias de Deus) ficamos bem
fragilizados com os novos modismo e teologias que surgiam com passar dos anos.
A negligencia com a teologia, que acabou virando praticamente uma
cultura pentecostal (principalmente no meio assembleiano) iria trazer sérios
danos ao pentecostalismo.
Com isso não quero dizer que não havia um filtro contra as heresias e
modismo. No entanto, esses filtros só servil para neutralizar heresias e
modismo já conhecidas e fartamente bem refutadas no senário cristão.
Com o passar dos anos os novos modismo e algumas heresias acabaram
passando despercebidos.
Acredito que isso só foi possível por duas coisas:
1° Por a maioria esmagadora dessa época não serem treinados em teologia;
2° Por grande parte desses desvios terem surgidos em nosso meio.
Com à aceitação desses desvios surgiram os Neos-Pentecostais (novos
pentecostais) detentores da Teologia da Prosperidade (triunfalismo,
imediatismo, antropocentrismo).
Os extremos, o grosso, os nossos mestres extirparam em muitos púlpitos
pentecostais, mas nos lugares onde a teologia era rejeitada ao discurso de que
a letra (no caso a teologia) mata, onde o experiencialíssimo e o sensacionalismo
falavam mais alto, tais práticas continuaram.
Muitos pastores de igreja e pregadores itinerantes não deram ouvidos a
sua razão, e foram terrivelmente levados pelas suas emoções ao serem
influenciados por pregadores como Benny Hinn, Kenneth Hagin, Avivamento de
Toronto e tantos outros. Era inevitável que uma vez tendo lideres
despreparados, seriam presas fáceis para tais movimentos.
Ninguém nega que as igrejas pentecostais tinham uma qualidade apreciada
no meio da cristandade, que era o evangelismo, a oração e o zelo em questões
morais (sendo muitas vezes extrema). Entretanto, faltava-lhe o preparo teológico
como já dissemos mais acima.
Os saudosos pastores Bernhard Johnson fundador da EETAD (Escola de
Educação Teológica das Assembleias de Deus) e João Kolenda Lemos fundador do
IBAD (Instituto Bíblico das Assembleias de Deus) plausivelmente fizeram um
trabalho que contribuiu imensamente para o crescimento da teologia no
pentecostalismo assembleiano. Mas foi as inúmeras vezes que eu mesmo presenciei
pregadores falando mal desses cursos, fazendo uma caricatura que impediu muitos
crentes de terem um entendimento melhor da Palavra de Deus.
O que é curioso é que esses homens estão na memória das Assembleias de
Deus como “grandes homens de Deus” e os tais eram teólogos. Talvez não tão
profundos, não sei, mas a questão é que esses homens soube usar o útil com o agradável.
Anos atrás li o livro de Orlando Boyer – Heróis da Fé – fiquei impressionado
ao saber anos à frente que os grandes avivalistas eram grandes teólogos, salvo
algumas exceções. Homens que passavam horas debruçados na Bíblia e nos livros e
longos momentos em oração. Muitos deles como John Wesley, Jonthan Edwards,
Charles Spurgeon eram teólogos pregadores.
Hoje temos no maior evento missionário pentecostal (GMUH) os pregadores
que são considerados os mais conceituados no meio assembleiano. E pra minha
tristeza a maioria desses pregadores são no mínimo triunfalistas e
imediatistas. Muitos desses não sabem nem o que significa tais terminologias,
como saberiam refutar e filtrar tamanha heresia e modismo?
Em contrapartida, alguns são mestres, bacharéis em teologia, mas com o
mesmo discurso que faz parte da Teologia da Prosperidade. Isso é no mínimo intrigante,
pois os tais sabem que os que eles pregam não é uma mensagem cristocêntrica e
doutrinária (lembrando que os grandes avivamentos foram frutos de pregações
doutrinarias) mas o oposto disso.
Diante disso é feito a pergunta: Se eles sabem que é errado, por que
pregam?
Quem estuda sabe que as mensagens neo-pentecostal são de auto-ajuda,
mensagens que massageiam o ego. Essas mensagens são facilmente aceitas da
grande massa que ingenuamente confiam cegamente em tais pregadores sem fazerem
prova bíblica e hermenêutica do que estão ouvindo. Não culpo de fato o ouvinte,
mas culpo o pregador que sabendo a verdade, prega a mentira.
Esses pregadores estarão no grupo que o nosso Senhor Jesus disse em Mateus 7.23.
Olhando por essa perspectiva é que entendo que a igreja precisa de Teólogos Pregadores e não de Pregadores que não sejam teólogos.
Por conta disso é que eu e meus colegas iremos tratar desses assuntos separadamente, pois o que fiz aqui foi levemente uma leitura resumida do que vem acontecendo no meio pentecostal.
Quem somos?
Somos os Teólogos Assembleianos!
Em Cristo,
Jean Patrik.
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