quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A mulher e o dragão



Situação da nação israelense e do mundo nos leva a refletir acerca das profecias bíblicas. De acordo com o texto profético acima, os acontecimentos escatológicos giram em torno de Israel e das outras nações, chamadas por Jesus de figueira e árvores. Em Apocalipse 12, o apóstolo João descreve uma visão que abrange o passado, o presente e o futuro do povo israelita. O objetivo deste artigo é analisar este importante texto, que apresenta, ainda, um resumo do plano de Deus para salvar a humanidade, enfatizando os constantes ataques do inimigo ao povo escolhido por Deus, ao longo dos séculos. Para que o texto em questão seja melhor entendido, é preciso ter em mente a ordem dos principais acontecimentos escatológicos.




A ordem dos acontecimentos escatológicos



a) Arrebatamento da Igreja – este acontecimento, que dá início a uma série de eventos escatológicos, é a primeira parte da segunda vinda de Cristo e ocorrerá rapidamente, num abrir e fechar de olhos (I Co 15:51,52). Somente os salvos verão a Jesus nessa ocasião (I Ts 4:16,17).



b) Tribunal de Cristo – dar-se-á em algum lugar, nos ares (Ap 22:12; Mt 16:27), e somente os salvos participarão deste julgamento, que conferirá galardões de acordo com o trabalho prestado a Deus, na terra (II Co 5:10; I Co 3:12-15).



c) Bodas do Cordeiro – será uma grande festa no céu, com a participação dos santos galardoados de todas as épocas (Ap 19:7; Mt 8:11).



d) Grande Tribulação – acontecerá na terra em um período de sete anos marcado pelo domínio da tríade satânica e por terríveis juízos divinos (Dn 9:27; Ap 7:14; 16:13).



e) Vinda de Cristo em Poder e Grande Glória – trata-se da segunda etapa da vinda de Cristo (Mt 24.30; Zc 14.4), através da qual livrará Israel do exército anticristão (Ap 16.16; 17.14), lançará as duas bestas no lago de fogo (Ap 19.19,20), prenderá Satanás por mil anos (Ap 20.1,2), julgará as nações segundo o tratamento dispensado ao povo israelita e estabelecerá o Milênio na terra (Mt 25.31-46).



f) Milênio – será o reino milenial de Cristo, do qual participarão os santos glorificados, os povos absolvidos no julgamento das nações e as pessoas nascidas no período de mil anos (Ap 20.1-6). g) Revolta de Satanás – após o Milênio, o inimigo será solto e enganará as nações, mas será destruído pelo Senhor e fará companhia ao anticristo e ao falso profeta no lago de fogo (Ap 20.7-10).



h) Juízo Final – todos os mortos cujos nomes não constarem do livro da vida comparecerão diante do Trono Branco para receberem a sentença de condenação (Ap 20.11-15). Será o último acontecimento escatológico, visto que, depois dele, tudo será glória eterna, com Cristo (Ap 21; 22). Aleluia!



A mulher vestida do sol



Os protagonistas do texto de Apocalipse 12 são a mulher e o dragão:



“E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça”, v. 1.



“E viu-se outro sinal no céu, e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete diademas”, v. 3.



Há muitas teorias a respeito da mulher vestida do sol. Para o catolicismo romano, ela é Maria, mãe de Jesus, enquanto a Ciência Cristã assevera que se trata de Mary Baker Eddy, fundadora desta seita. Alguns teólogos dizem que se trata da Igreja. Mas todas essas afirmações não passam de especulações desprovidas de embasamento contextual.



Não há dúvidas, à luz do contexto, de que a mulher seja Israel. O versículo 17 da passagem em análise mostra que o diabo fará guerra “ao resto da sua semente”, uma referência clara ao remanescente israelita: “Também Isaías clamava acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo”, Rm 9.27.



Analisemos as características da mulher:



a) Vestida do sol – representa a glória do Senhor que tem envolvido o povo israelita ao longo dos séculos (Cf. Sl 84.11; 104.1,2; Ml 4.2).



b) Tem a lua debaixo dos seus pés - isto se refere à supremacia de Israel como nação escolhida: “Porque povo santo és ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que sobre a terra há”, Dt 7:6.



c) Tem uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça - trata-se de uma alusão aos patriarcas, que deram origem às doze tribos formadoras do povo de Israel (Gn 37.9).



d) Grávida, já com dores de parto, gritando com ânsias de dar à luz - isto mostra que o privilégio de ser escolhido como nação de onde surgiu o Messias trouxe e trará a Israel experiências dolorosas: “Como a mulher grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós por causa da tua face, ó SENHOR!”, Is 26:17.



Alguns teólogos afirmam que o filho da mulher representa a Igreja, ou os mártires, ou os 144.000 judeus selados durante a Grande Tribulação. Entretanto, o contexto geral (Sl 2.9; Ap 2.27) e o versículo 5 do texto em análise deixam claro que se trata de Jesus Cristo: “E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.”



Quem é o dragão?



O dragão não pode ser outro, senão o diabo, que é apresentado ao longo das páginas sagradas como: leão (I Pe 5:8; Sl 91:13), serpente (v. 9; Gn 3:15) e dragão (Ap 20.2).



Vejamos as características desse personagem:



a) Grande - isto prova que o inimigo, como “deus deste século” (2 Co 4.4), possui grande força (Lc 10.19).



b) Vermelho - numa tradução literal, “avermelhado como fogo”, o que representa a sua atuação sangüinária (Cf. Ap 6.4; Jo 10.10). Esta cor também está associada ao pecado (Is 1.18). Nesse caso, o diabo é aquele que peca desde o princípio e induz as pessoas a pecarem (Jo 8.44).



c) Possui dez chifres - isto, analisado à luz da escatologia bíblica, representa os dez reinos que formarão a base do império anticristão: “E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão o poder como reis por uma hora, juntamente com a besta”, Ap 17.12. Leia também Daniel 7.24.



d) Tem sete cabeças com sete diademas - significam a plena autoridade que o diabo exercerá sobre os reinos da terra. A semelhança com a besta enfatiza que esta terá o poder do dragão, como se lê em Apocalipse 13.2: “... e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio”.



e) Possui uma grande cauda - refere-se à sua astúcia e ao seu baixo caráter (Cf. Is 9.15) para levar consigo a terça parte dos anjos que não guardaram o seu principado (II Pe 2:4; Jd 6).



O diabo fracassa



No versículo 4, está escrito que o dragão “parou diante da mulher (...), para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”, mas não conseguiu fazer mal ao menino. Desde o princípio, o inimigo lutou contra Israel, pois sabia que, neste país, nasceria o Messias. Ele não frustrou o plano de Deus (Jo 3:16; Gl 4:4,5), apesar de suas muitas tentativas:



a) Caim matou Abel, mas Sete deu continuidade à linhagem santa (Gn 4; 5).



b) Nos dias de Moisés, Faraó mandou matar os meninos israelitas, mas Deus preservou muitos com vida, inclusive o próprio Moisés, que tornou-se o libertador do povo israelita (Êx 1).



c) Saul, o primeiro rei de Israel, endemoninhado, tentou matar a Davi, pois o diabo sabia que o Messias seria descendente do trono davídico. Deus mais uma vez frustrou o plano maligno guardando a vida de seu servo (1 Sm 18.10,11).



d) O inimigo usou a rainha Atalia para matar a todos os herdeiros do trono davídico. Mas o futuro rei Joás foi escondido por sua tia, e, aos sete anos, assumiu o reinado de Judá (II Rs 11).



e) Já nos tempos neotestamentários, Herodes intentou matar o menino Jesus, mas Deus avisou os magos e, posteriormente, José, que levou o menino para o Egito (Mt 2).



f) O inimigo tentou ao Senhor, mas ouviu por três vezes a poderosa declaração: “Está escrito” (Mt 4:1-11), e foi vencido pela Palavra de Deus!



g) Numa tentativa de impedir que Jesus chegasse à cruz, o diabo procurou matá-lo antes em Nazaré. Milagrosamente, o Senhor escapou, “passando pelo meio deles...” (Lc 4:17-30).



h) Influenciou Pedro a fazer Jesus desistir de sua obra redentora, ouvindo a seguinte resposta: “Para trás de mim, Satanás” (Mt 16:22,23).



i) No Gólgota, tentou convencer Jesus a descer do madeiro (Mt 27.40-42; Lc 23.39), pois sabia do poder que há no sangue da cruz (1 Pe 1.18,19; Cl 2.14,15; Hb 2.14,15). Glória a Deus, pois todas essas tentativas diabólicas foram frustradas!



A vitória de Cristo e dos seus santos



Como dissemos na introdução deste artigo, a narrativa em foco abrange passado, presente e futuro. O versículo 5 menciona a ascensão de Cristo às alturas, após a sua vitória na cruz e a sua ressurreição para a nossa justificação: “... foi arrebatado para Deus e para o seu trono”. Mas a visão apresenta também as conseqüências dessa vitória de Cristo no futuro.



Após o arrebatamento da Igreja, haverá uma batalha no céu. Liderados por Miguel, o arcanjo (Jd v. 9; I Ts 4:16), encarregado de proteger a Israel (Dn 12:1), os anjos de Cristo prevalecerão contra os anjos do diabo: “E houve batalha no céu: Miguel e seus anjos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos, mas não prevaleceram; nem mais o seu lugar se achou nos céus”, vv. 7-9.



Os anjos do inimigo, apresentados como a terça parte das estrelas do céu, serão lançados sobre a terra pelos anjos de Deus (v. 4). Hoje, os anjos do mal habitam as regiões celestiais (Ef 2:2; 6:12). Por ocasião da Grande Tribulação, terão uma atuação mais direta sobre os moradores da terra.



No versículo 9, o dragão é expulso das regiões celestiais: “... foi precipitado o grande dragão”. Satanás já está julgado (Jo 16:8-11), e a sua carreira está em descensão. Quando quis se igualar a Deus, foi precipitado dos céus para os ares (Is 4:12; Ef 2:2). Na Grande Tribulação, será lançado na terra (v. 12). No Milênio, ficará preso no abismo (Ap 20:1-7). E, depois disso, será lançado no lago de fogo (Rm 16:20; Ap 20:10).



Mas a precipitação do inimigo à terra trará grande prejuízo ao mundo. A tríade satânica (Ap 13; 20:10), formada por dragão, anticristo (primeira besta) e falso profeta (segunda besta), se estabelecerá com muita força: “Ai dos que habitam na terra e no mar! Porque o diabo desceu a vós e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo”, v. 12.



Enquanto isso haverá grande alegria nos céus (v. 12). Hoje, o diabo tem um relativo acesso à presença de Deus para acusar os seus servos (Jó 1;2; Zc 3), mas isso, então, não mais acontecerá (v. 10). Todos os santos arrebatados e os que morrerem durante a Grande Tribulação estarão diante do Cordeiro, pois “... eles venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra de seu testemunho; e não amaram a sua vida até à morte”, v. 11.



A fuga da mulher para o deserto



Na segunda metade da Grande Tribulação, o diabo perseguirá a mulher, isto é, Israel: “Quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher (...). E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para fazer que ela fosse arrebatada pela corrente”, vv. 13,15.



Os versículos 16-18, na versão Atualizada, de Almeida, que, nesse caso, traduz melhor o que está registrado no texto grego, mostram que Israel estará seguro, enquanto o inimigo ficará parado sobre a areia do mar sem poder prosseguir com seus intentos. Deus protegerá a Israel: “E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias”, v. 6.



A expressão “mil duzentos e sessenta dias” se refere à última etapa da Grande Tribulação (três anos e meio), quando o anticristo se levantará contra Israel. Este período final é apresentado como:



a) 1260 dias (Ap 11:3) - usando-se o número de 360 dias para cada ano, empregado no calendário judaico (1260 / 360), temos três anos e meio.



b) 42 meses (Ap 11.2; 13.5) - dividindo-se pelo número de meses do ano (42 / 12), temos, igualmente, três anos e meio.



c) Um tempo, tempos e metade de um tempo (v. 14; Dn 7:25; 12:7) – a palavra “tempo” corresponde a um ano, e “tempos” a dois anos. Ou seja, três anos e meio.



Como Deus protegerá a mulher



“E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente”, v.14. Estas asas de águia representam a direção de Deus (Cf. Êx 19.4), através da qual Israel será levado para um lugar seguro, onde estará protegido do dragão (Sl 27:5; 91:1,4).



O inimigo lançará uma corrente de água contra a mulher (v. 15). Na simbologia profética, águas representam reinos (Is 8:7; Ap 17:15). Isto mostra que os exércitos do anticristo marcharão contra Israel (Ap 16:12,16). Mas o Espírito do Senhor arvorará contra eles a sua bandeira (Is 59.19). A mulher também terá ajuda da terra (v. 16), isto é, dos povos que estarão ao lado de Israel (Mt 25:34-40).



Quando o remanescente de Israel estiver cercado, por ocasião da batalha do Armagedom (v. 17; Ap 16:16), o diabo terá de parar “sobre a areia do mar” (v. 18, Atualizada, de Almeida), pois o próprio Jesus virá em glória para vencer os inimigos de Israel com o assopro da sua boca e prender Satanás por mil anos (II Ts 2:8; Ap 19:19-21; 20:1-3).



Tudo isso acontecerá! Estejamos, pois, preparados para as últimas coisas e exclamemoscom inteira certeza: “Ora, vem, Senhor Jesus”, Ap 
22:20.



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Pastor Carlos Cardoso

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